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Não tenho mais os olhos de menina
nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou.Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,a dar-te regaço de amante e colo de amiga,e sobretudo força — que vem do aprendizado.Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam,cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou.Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais,a dar-te regaço de amante e colo de amiga,e sobretudo força — que vem do aprendizado.Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam,cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias.
Texto de Lya Luft, extraído do livro "Secreta Mirada",
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